Manifestantes antigoverno atacaram polícia na Praça da Independência. Há 67 mortos, e governo acusa radicais de sequestrarem policiais.


Novos confrontos deixam mortos e feridos na capital da Ucrânia


Pelo menos 67 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em novos e mais violentos confrontos entre manifestantes antigoverno e a polícia nesta quinta-feira (20) em Kiev, capital daUcrânia, apesar da trégua estabelecida na véspera.

O número foi atualizado por autoridades municipais, informou a AFP. Anteriormente, havia 60 mortes confirmadas por fontes médicas ligadas aos manifestantes. Todas as vítimas teriam sido baleadas.
Tiros procedentes das barreiras policiais e de edifícios próximos foram registrados em Maidan, ou Praça da Independência, na região central, ocupada desde novembro pelos manifestantes.
Um jornalista da AFP observou oito corpos diante da sede do Correio Central e 10 diante do hotel Kozatski. Outro repórter observou sete corpos na entrada do hotel Ukraina, do outro lado da praça.
Médicos ligados à oposição pró-europeia afirmaram que algumas vítimas foram alvos de franco-atiradores.
A polícia utilizou armas de fogo em "legítima defesa" e dentro da lei, depois que homens armados não identificados atiraram contra policiais pela manhã, disse o Ministério do Interior em um comunicado.

Segundo o ministério, 67 policiais foram "capturados" por manifestantes "radicais", e todos os meios serão usados para libertá-los.
Rastros de sangue
Nas imediações da Praça da Independência, era possível observar muitos rastros de sangue.
Milhares de manifestantes, com forte presença de mulheres e aposentados, permaneciam na praça, apesar dos graves incidentes dos últimos dias.
arte cronologia ucrânia 20.02 (Foto: Arte/G1)Os funcionários da sede do governo ucraniano em Kiev deixaram o local na manhã desta quinta em consequência dos confrontos. "Todos os trabalhadores deixaram o local esta manhã. Recebemos uma ordem oficial", disse um funcionário, sem revelar detalhes.
Troca de acusações
A Presidência da Ucrânia culpou os manifestantes por terem dado início à violência, com uso de atiradores, que resultaram em confrontos com a polícia.
Um comunicado do gabinete do presidente Viktor Yanukovich disse que "eles (os manifestantes) partiram para a ofensiva".
"Eles estão agindo em grupos organizados. Eles estão usando armas de fogo, inclusive atiradores com rifles. Eles estão disparando para matar."
A nota, publicada no site da presidência, diz ainda que o número de mortos e feridos entre policiais chega a "dezenas".
Os líderes da oposição, por sua vez, consideraram os confrontos uma "provocação deliberada", tendo em vista a trégua acertada na véspera.
Rússia
Para tentar acalmar a situação, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que vai mandar um enviado à Ucrânia, a pedido do presidente ucraniano, para tentar mediar as conversas entre o governo e a oposição, disse o porta-voz de Putin, segundo informações de agências de notícias.
Reunião
Yanukovich reuniu-se com os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Polônia, para discutir a crise.
Fontes diplomáticas afirmaram que os diplomatas continuariam em Kiev para prosseguir nas negociações.
Segurança
O ministério do Interior pediu que os habitantes de Kiev não saiam de casa nem se dirijam ao centro da cidade.
"Neste momento mais vale limitar os deslocamentos em carros particulares e não sair às ruas. Há pessoas armadas com intenções agressivas nas ruas de Kiev", informou o ministério em um comunicado.
Ameaça de sanções
Na véspera, 26 pessoas morreram em confrontos, provocando uma reação internacional contra a repressão aos protestos e levando EUA e União Europeia (UE) a ameaçarem sanções contra autoridades envolvidas em possíveis abusos.
As manifestações contra o governo começaram em novembro de 2013, depois que  Yanukovich cedeu à pressão da Rússia e desistiu de um tratado comercial com a União Europeia, preferindo a ajuda financeira do Kremlin, principal aliado de Kiev.
Essa é a pior crise desde a independência, em 1991, da ex-república soviética, com fronteiras com a Rússia e com países da União Europeia.










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